Integrar para agir
Título atribuo a Gabriella Vinhas e agradeço a inspiração da sessão
Quem de nós parte para a ação? Qual lugar em nós é mobilizado para ação? Parece uma pergunta retórica mas é, na verdade, uma questão aberta para refletirmos como estamos internamente mobilizados. Uma célebre coreógrafa, muito citada, Pina Bausch, dizia: “Não me interessa como vocês se movem, mas o que os move”. O que te move no seu espaço interno de consciência de si?
O que te move normalmente parece algo fora de você: um pedido, uma demanda, o contexto no qual está inserido – “aqui nessa família, todos fazem sempre desse jeito”; os princípios que te conduzem para um jeito e não outro – “se eu não demonstrar firmeza, vão encostar em cima de mim, então vou agir de forma ríspida para ser respeitado”; ser aceita(o), ser amada(o) – “sempre te dou flores porque acho que assim você nunca vai deixar de gostar de mim”.
E quando surge de dentro de você aquilo que realmente te move, qual é a narrativa da sua mente? “Eu quero isso, vou fazer por onde”; “Isso é importante para mim, vou correr atrás”; “Isso deveria ser assim, eu vou fazer do meu jeito”. Em alguma medida, parece um cabo de guerra: o que me requisitam versus meu texto, minha narrativa, minha necessidade. Como sair dessa encruzilhada em que a mente nos coloca?
É mesmo na interação que tudo pode tornar-se conflituoso ou uma oportunidade, por vezes caótica, de aprendizado. É entre um sim e um não que mora a ponderação, a presença do corpo mente, a possibilidade, como muitos dizem, da escolha. Gosto mais de falar da sensação de escolha – uma sensação que, ao perceber, ver, constatar, tomo a responsabilidade de perceber se é um sim ou é um não para mim. Agir tem a ver com sim ou com não, com a fluidez de é ou não é.
Esse ensaio é escrito, como os anteriores, em meio a pandemia, isolamento social, mortes e a tragédia da vida. Embora isso seja falta, não escreverei sobre o drama da escolha: “tenho que agir certo”, “se escolher errado, carrego a culpa comigo”, pois isso pode ser muito estressante e até doentio para o corpo mente. E isso ainda confirma o cabo de guerra de que falava a pouco. Também não irei te incentivar a continuar acreditando nessas máximas que prometem certa segurança: “se não fizer assim, algo irá acontecer”, “para toda ação, tem uma reação”, pois estas, quando mal interpretadas, ao invés de inspirar auto responsabilidade, são imperativas do medo.
Estamos mesmo aprendendo que como agir, quando, inclusive, o que achávamos estar sob o nosso controle, não está mais… Sinto muito pelas perdas das vidas, do medo e da dor de viver isolados e espero, realmente, que cada um possa ter – ou ainda esteja, pois isso durará e mudará nossa perspectiva – entrado em contato consigo. Internamente. Com seus pensamentos. Com seus “cabos de guerra”.
E para toda ação, a interação possa ser consigo, com algo em si apaziguado. Em paz com suas “escolhas” ou sensação delas. No dia que em finalizo este ensaio, monitoro um dos cursos mais poderosos do BodyTalk, o Mindscape, que pertence às Ciências da Vida, dentro de todo sistema. Para saber mais, visite nesse site o link.
Nesse curso em que monitorei, com o Instrutor Andy Spencer (para conhecer o trabalho dele, clique aqui), é perceptivo e vivenciado a chance de estarmos tão, mas tão alinhados com a interação dentro de nós mesmos, que interagir fora é redundância, porque não há mais separação entre dentro e fora. Para compreender melhor isso, faça sessões de BodyTalk, procure estes cursos abertos ao público em geral – como o Mindscape – e cuide de você. Interaja com você. E seja, isolado mais ou menos, a sua voz do coração mais atuante. A que é capaz de fazer você agir naturalmente, com inspiração e autenticidade.
Nirvana Marinho